
“Um insulto às vítimas do genocídio” afirmou, em editorial, o jornal The Times. “O que é essa simpatia aos verdugos e não às vítimas?”, indagou a romancista Joyce Carol Oates. “Um apologista de crimes de guerra”, afirmou o filósofo esloveno Slavoj Zizek. “É um bom escritor que combina uma grande profundidade com uma cegueira ética alarmante”, pontuou o britânico Hari Kunzru. “Um idiota”, disse Salman Rushdie. Essas são algumas das manifestações dos últimos dias envolvendo o vencedor do récem-anunciado Nobel 2019 de Literatura, o austríaco Peter Handke.
Desde a quinta-feira passada, Handke vem sendo duramente criticado por suas posições como, por exemplo, em relação à Guerra da Bósnia e sua defesa pública do genocida Slobodan Milosevic. O escritor não só aceitou ser condecorado pelo ex-presidente da Sérvia, condenado por crimes contra a humanidade, como discursou em seu enterro, em 2006. Em março daquele ano, “o carniceiro dos Balcãs” como chegou a ser chamado, foi encontrado morto, aparentemente de causas naturais, em sua cela no centro de detenção do Tribunal de Haia, na Holanda.
A Academia Sueca também se manifestou sobre o assunto. “Não é um prêmio político, é um prêmio literário”, destacou Anders Olsson, membro da instituição.